Cora Coralina: a poesia que atravessou o tempo
Uma vida de 95 anos de duração é longa o bastante para passar por diversas fases, mudanças bruscas, dificuldades e redenções
Nesta data, que marca os 40 anos de ausência física da poeta Cora Coralina, vamos celebrar os seus recomeços, pois graças a eles, a escritora continua muito presente em
tantos espaços
Ela teve uma vida literária precoce, paixão que causou escândalo, força suficiente para enfrentar a viuvez e a consagração na velhice
Anna Lins passou a se chamar Cora Coralina para se diferenciar de tantas Annas que existiam na cidade de Goiás, cuja padroeira é Sant'Anna
A crônica de estreia dela foi publicada em 31 de dezembro de 1905 no jornal Tribuna Espírita, do Rio de Janeiro, quando ela tinha apenas 16 anos
Cora Coralina escrevia desde os 14 anos e era uma leitora dedicada, mas sua carreira literária acabou barrada pelo marido, Cantídio Brêtas, que não permitia que ela publicasse seus versos e crônicas como poderia ou gostaria
Ela continuou escrevendo, mas muitos textos ficaram inéditos por décadas. Depois de ficar viúva e com 6 filhos, Cora Coralina teve que se virar como pôde
Durante alguns anos, a poeta vendeu diferentes artigos, de livros da Editora José Olympio a linguiça caipira e banha de porco. É nesse período que ela passa a exercer, comercialmente, seus talentos de doceira
Desde a adolescência e até completar 70 anos de idade, Cora Coralina escreveu sempre à mão
Com sete décadas de vida, ela finalmente comprou uma máquina de datilografia. Sua Olivetti azul está em exposição no Museu Casa de Cora,
em Goiás
O primeiro livro publicado por Cora Coralina foi editado pela Editora José Olympio em 1965, quando ela já contava 76 anos
Por ter lançado seu primeiro livro já em idade avançada e ter tido dificuldades para se tornar conhecida fora de Goiás, Cora publicou poucos títulos em vida. Foram apenas três
Os versos de Cora Coralina mostraram-se, com o tempo, muito adequados para a literatura infantil. Isso motivou selos a lançarem edições voltadas para este público
Nos últimos anos de sua vida, Cora Coralina conheceu a consagração nacional. Ela foi a primeira mulher a ser agraciada com o Troféu Juca Pato, eleita a Intelectual do Ano
Também lhe foi concedido o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
Após sua morte, recebeu a Grã-Cruz do Mérito Cultural e virou Símbolo da Mulher Trabalhadora pela ONU
São muitas homenagens à poeta em Goiás, de um centro cultural em Goiânia a avenidas espalhadas pelas principais cidades
A mais original delas é o Caminho de Cora que se transformou em atração turística. Saiba mais em
O Popular
Leia aqui